sexta-feira, 23 de julho de 2010

Ministério da Agricultura faz história em 150 anos

Brasília - Na próxima quarta-feira, 28 de julho, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento completa 150 anos. A data é considerada um marco na história, desde o Império, e será comemorada em solenidades oficiais em todas as 27 capitais brasileiras e, em Brasília, recebe homenagens do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro Wagner Rossi. Nessas 15 décadas, a produção agropecuária brasileira ganha destaque no mundo e promete manter-se como um dos setores mais produtivos e importantes da economia brasileira.

“A história da agricultura brasileira é uma saga de vitórias construídas pela integração do espírito empreendedor dos produtores rurais, do apoio firme do governo e da pesquisa científica para o desenvolvimento de tecnologias adequadas às nossas condições de solo e clima”, destaca Wagner Rossi. “O Ministério da Agricultura foi o grande agente público dessa união”.

O desenvolvimento do setor começou a ganhar contornos expressivos dentro do governo em 1860. À época, predominavam os interesses dos senhores de engenho, no Nordeste, e dos aristocratas do café, no Centro-Sul do País. A lavoura de cana-de-açúcar já se apresentava em declínio por conta dos preços no mercado internacional. O café, em plena ascensão, beneficiava-se da alta de preços ocasionada pela desorganização do Haiti, um dos maiores produtores do grão.

Nascimento

O ministro Wagner Rossi lembra que a conjuntura política, econômica e social daquela época configurava uma séria crise, cujo desdobramento impôs a necessidade de incentivar e racionalizar a agricultura brasileira. Por isso, o governo imperial tomou medidas, como a criação dos institutos imperiais de pesquisa agrícola e estatística e do ministério, inicialmente denominado Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas. O Decreto 1.067 foi assinado pelo Imperador Dom Pedro II, em 28 de julho.

Herói da Guerra do Paraguai, Joaquim José Inácio de Barros, o visconde de Inhaúma, foi o primeiro titular da Agricultura. Ele relatou à Assembleia Legislativa as dificuldades do setor, defendendo a necessidade de uma política de crédito agrícola, expansão do sistema viário e implantação do ensino e experimentação agrícola. O visconde trabalhou pela adoção de um sistema de instrução, teórico e prático para os agricultores. Sua idéia era permitir o emprego do capital e o aproveitamento dos novos processos de cultivo, mecanização e outras informações oferecidas pelas escolas de agricultura e veterinária, as chamadas fazendas-modelo.

Em 1909, o Decreto 7.501 recriou a pasta da Agricultura, incorporando as atividades da indústria e do comércio, com a designação de Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Com a revolução de 1930, o órgão passou a compor a estrutura governamental da República, com alteração do nome para Ministério da Agricultura.

A partir dos anos 90, o órgão foi rebatizado. Em 1992, passou a se chamar Ministério da Agricultura, Abastecimento e Reforma Agrária (Mara). Quatro anos depois, foi chamado Ministério da Agricultura e do Abastecimento (MAA). Finalmente, em 2001, o órgão ganhou a denominação atual: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Para o ex-ministro Roberto Rodrigues (2003/2006), a agricultura é, historicamente, umas das principais bases da economia brasileira. “Com um século e meio de existência, o ministério tem sido um dínamo nesse processo, que colocou o Brasil no cenário privilegiado das maiores nações agrícolas”, afirma.

Vanguarda

Rodrigues diz que a posição estratégica do ministério, frente às demandas dos produtores rurais brasileiros e dos consumidores do mundo, garante o respeito e admiração de todos que acompanharam suas ações nas últimas 15 décadas. “Os saltos de qualidade que a agropecuária brasileira apresentou nos últimos 20 anos é espetacular e assombra o mundo. Enquanto área plantada de grãos, cresceu 25% e, em produção, aumentou 147%”, ressalta.

De acordo com o ministro Wagner Rossi, alguns dos aspectos centrais no desenvolvimento da agricultura brasileira nos últimos anos estão na fartura de recursos naturais, além da competência do produtor rural e, sobretudo, no domínio da melhor tecnologia agropecuária do mundo tropical. Ele ressalta que, além da criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que impulsionou o desenvolvimento de tecnologia apropriada às diferentes regiões do País, o Ministério da Agricultura promoveu o funcionamento de mecanismos indispensáveis ao desenvolvimento do setor.

O ex-ministro Luís Carlos Guedes Pinto (2006/2007) destaca outros mecanismos também fundamentais, como o incentivo à difusão da tecnologia, o crédito rural, os instrumentos de sustentação de preços, além da defesa sanitária animal e vegetal e o desenvolvimento do associativismo e cooperativismo rural. “Se no passado essa contribuição foi fundamental, é impossível imaginar o futuro sem o desenvolvimento de tecnologias de vanguarda. O desempenho do Ministério da Agricultura deve-se à qualidade do seu quadro funcional, da administração direta e indireta, que atua de forma qualificada e competente”, avalia.

Resultados

O empenho do governo federal ao longo dos últimos anos para instrumentalizar as políticas públicas do setor rural gerou resultados expressivos. O Brasil hoje ocupa o primeiro lugar no ranking de exportação do açúcar, café em grãos, carne bovina, carne de frango, suco de laranja, tabaco e etanol. É vice-líder global na venda de soja, está na terceira posição, no ranking mundial, nos embarques de milho e em quarto lugar nas exportações de carne suína.

Um dos aspectos notáveis no sucesso recente da agricultura nacional é o aumento da produtividade, que teve papel fundamental no crescimento da produção agrícola brasileira. Entre 1990 e 2009, a área plantada de grãos subiu 1,7% ao ano, enquanto a produção cresceu 4,7%. Entre 2000 e 2005 a safra de soja e o aumento da produção de carnes foram os principais responsáveis pelo avanço na exportação agrícola, reforçando a economia nacional.

No chamado complexo soja (grãos, farelo e óleo), as exportações mais que quadruplicaram, saindo de US$ 4,2 bilhões, em 2000, para US$ 17,2 bilhões, no ano passado. As vendas de carne bovina saltaram de US$ 813 milhões, no início desta década, para US$ 4,2 bilhões. As exportações de carnes de frango tiveram aumento expressivo, pulando de US$ 735 milhões para US$ 5,8 bilhões. “Saímos de uma posição irrelevante para nos tornarmos o maior exportador mundial de carne bovina e de frango”, aponta o ex-ministro Francisco Turra (1998/1999). Ele lembra que, nesse período, o Brasil obteve a certificação da Organização Internacional de Sanidade Animal (OIE) para exportar.

É por conta desse desempenho que o Brasil vem sendo apontado pela FAO, o órgão das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, como um dos grandes produtores de alimentos no planeta na próxima década. Segundo estudos da Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, em 2020 a produção nacional de carnes deverá suprir 44,5% do mercado mundial.

Ainda de acordo com o Ministério da Agricultura, a safra de grãos (soja, milho, trigo, arroz e feijão) deverá crescer nos próximos anos 36,7%, saltando de 129,8 milhões de toneladas em 2009 para 177,5 milhões de toneladas em 2020. Três outros produtos nacionais que deverão ter um incremento expressivo no mercado mundial de alimentos são açúcar (15,2 milhões de toneladas), etanol (35,2 bilhões de litros) e leite (7,4 bilhões de litros). (Inez De Podestà)

terça-feira, 20 de julho de 2010

Um grito contra a desigualdade entre campo e cidade

Carta do Zé agricultor para Luis da cidade

A carta a seguir - tão somente adaptada por Barbosa Melo - foi escrita por Luciano Pizzatto que é engenheiro florestal, especialista em direito sócio ambiental e empresário, diretor de Parques Nacionais e Reservas do IBDF/IBAMA 88/89, deputado desde 1989, detentor do 1º Prêmio Nacional de Ecologia.

Carta do Zé agricultor para Luis da cidade


Prezado Luis, quanto tempo.
Eu sou o Zé, teu colega de ginásio noturno, que chegava atrasado, porque o transporte escolar do sítio sempre atrasava, lembra né? O Zé do sapato sujo? Tinha professor e colega que nunca entenderam que eu tinha de andar a pé mais de meia légua para pegar o caminhão por isso o sapato sujava.
Se não lembrou ainda eu te ajudo. Lembra do Zé Cochilo... hehehe, era eu. Quando eu descia do caminhão de volta pra casa, já era onze e meia da noite, e com a caminhada até em casa, quando eu ia dormi já era mais de meia-noite. De madrugada o pai precisava de ajuda pra tirar leite das vacas. Por isso eu só vivia com sono. Do Zé Cochilo você lembra né Luis?
Pois é. Estou pensando em mudar para viver ai na cidade que nem vocês. Não que seja ruim o sítio, aqui é bom. Muito mato, passarinho, ar puro... Só que acho que estou estragando muito a tua vida e a de teus amigos ai da cidade. To vendo todo mundo falar que nós da agricultura familiar estamos destruindo o meio ambiente.
Veja só. O sítio de pai, que agora é meu (não te contei, ele morreu e tive que parar de estudar) fica só a uma hora de distância da cidade. Todos os matutos daqui já têm luz em casa, mas eu continuo sem ter porque não se pode fincar os postes por dentro uma tal de APPA que criaram aqui na vizinhança.
Minha água é de um poço que meu avô cavou há muitos anos, uma maravilha, mas um homem do governo veio aqui e falou que tenho que fazer uma outorga da água e pagar uma taxa de uso, porque a água vai se acabar. Se ele falou deve ser verdade, né Luis?
Pra ajudar com as vacas de leite (o pai se foi, né .) contratei Juca, filho de um vizinho muito pobre aqui do lado. Carteira assinada, salário mínimo, tudo direitinho como o contador mandou. Ele morava aqui com nós num quarto dos fundos de casa. Comia com a gente, que nem da família. Mas vieram umas pessoas aqui, do sindicato e da Delegacia do Trabalho, elas falaram que se o Juca fosse tirar leite das vacas às 5 horas tinha que receber hora extra noturna, e que não podia trabalhar nem sábado nem domingo, mas as vacas daqui não sabem os dias da semana ai não param de fazer leite. Ô, bichos aí da cidade sabem se guiar pelo calendário?
Essas pessoas ainda foram ver o quarto de Juca, e disseram que o beliche tava 2 cm menor do que devia. Nossa! Eu não sei como encumpridar uma cama, só comprando outra né Luis? O candeeiro eles disseram que não podia acender no quarto, que tem que ser luz elétrica, que eu tenho que ter um gerador pra ter luz boa no quarto do Juca.
Disseram ainda que a comida que a gente fazia e comia juntos tinha que fazer parte do salário dele. Bom Luis, tive que pedir ao Juca pra voltar pra casa, desempregado, mas muito bem protegido pelos sindicatos, pelo fiscais e pelas leis. Mas eu acho que não deu muito certo. Semana passada me disseram que ele foi preso na cidade porque botou um chocolate no bolso no supermercado. Levaram ele pra delegacia, bateram nele e não apareceu nem sindicato nem fiscal do trabalho para acudi-lo.
Depois que o Juca saiu eu e Marina (lembra dela, né? casei) tiramos o leite às 5 e meia, ai eu levo o leite de carroça até a beira da estrada onde o carro da cooperativa pega todo dia, isso se não chover. Se chover, perco o leite e dou aos porcos, ou melhor, eu dava, hoje eu jogo fora.
Os porcos eu não tenho mais, pois veio outro homem e disse que a distância do chiqueiro para o riacho não podia ser só 20 metros. Disse que eu tinha que derrubar tudo e só fazer chiqueiro depois dos 30 metros de distância do rio, e ainda tinha que fazer umas coisas pra proteger o rio, um tal de digestor. Achei que ele tava certo e disse que ia fazer, mas só que eu sozinho ia demorar uns trinta dia pra fazer, mesmo assim ele ainda me multou, e pra poder pagar eu tive que vender os porcos as madeiras e as telhas do chiqueiro, fiquei só com as vacas. O promotor disse que desta vez, por esse crime, ele não ai mandar me prender, mas me obrigou a dar 6 cestas básicas pro orfanato da cidade. Ô Luis, ai quando vocês sujam o rio também pagam multa grande né?
Agora pela água do meu poço eu até posso pagar, mas tô preocupado com a água do rio. Aqui agora o rio todo deve ser como o rio da capital, todo protegido, com mata ciliar dos dois lados. As vacas agora não podem chegar no rio pra não sujar, nem fazer erosão. Tudo vai ficar limpinho como os rios ai da cidade. A pocilga já acabou, as vacas não podem chegar perto. Só que alguma coisa tá errada, quando vou na capital nem vejo mata ciliar, nem rio limpo. Só vejo água fedida e lixo boiando pra todo lado.
Mas não é o povo da cidade que suja o rio, né Luis? Quem será? Aqui no mato agora quem sujar tem multa grande, e dá até prisão. Cortar árvore então, Nossa Senhora!. Tinha uma árvore grande ao lado de casa que murchou e tava morrendo, então resolvi derrubá-la para aproveitar a madeira antes dela cair por cima da casa.
Fui no escritório daqui pedir autorização, como não tinha ninguém, fui no Ibama da capital, preenchi uns papéis e voltei para esperar o fiscal vim fazer um laudo, para ver se depois podia autorizar. Passaram 8 meses e ninguém apareceu pra fazer o tal laudo ai eu vi que o pau ia cair em cima da casa e derrubei. Pronto! No outro dia chegou o fiscal e me multou. Já recebi uma intimação do
Promotor porque virei criminoso reincidente. Primeiro foi os porcos, e agora foi o pau. Acho que desta vez vou ficar preso.
Tô preocupado Luis, pois no rádio deu que a nova lei vai dá multa de 500 a 20 mil reais por hectare e por dia. Calculei que se eu for multado eu perco o sítio numa semana. Então é melhor vender, e ir morar onde todo mundo cuida da ecologia. Vou para a cidade, ai tem luz, carro, comida, rio limpo. Olha, não quero fazer nada errado, só falei dessas coisas porque tenho certeza que a lei é pra todos.
Eu vou morar ai com vocês, Luis. Mais fique tranqüilo, vou usar o dinheiro da venda do sítio primeiro pra comprar essa tal de geladeira. Aqui no sitio eu tenho que pegar tudo na roça. Primeiro a gente planta, cultiva, limpa e só depois colhe pra levar pra casa. Ai é bom que vocês e só abrir a geladeira que tem tudo. Nem dá trabalho, nem planta, nem cuida de galinha, nem porco, nem vaca é só abri a geladeira que a comida tá lá, prontinha, fresquinha, sem precisá de nós, os criminosos aqui da roça.
Até mais Luis.
Ah, desculpe Luis, não pude mandar a carta com papel reciclado pois não existe por aqui, mas me aguarde até eu vender o sítio.


(Todos os fatos e situações de multas e exigências são baseados em dados verdadeiros. A sátira não visa atenuar responsabilidades, mas alertar o quanto o tratamento ambiental é desigual e discricionário entre o meio rural e o meio urbano.)

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Planejamento garante alimentação do rebanho na estiagem

Criadores na Fazenda Içó, em Juazeiro, já estão usando alimentação armazenada para nutrir os animais
Por causa da estiagem na região norte da Bahia, criadores de caprinos e ovinos situados na Fazenda Içó, em Juazeiro, já estão usando alimentação armazenada para nutrir os animais. “A pastagem nativa é muito pobre em nutrientes nesse período e não supre a necessidade dos animais”, diz o engenheiro agrônomo da EBDA (Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola), José Hugo Félix Borges. Por isso, é importante complementar a alimentação com forragem. Os criadores plantaram, colheram e guardaram sorgo, maniçoba, capim búfel, mandioca e melancia forrageira.
O trabalho de manejo com animais feito na Fazenda Icó tem ajudado na organização dos produtores da região de Juazeiro. O trabalho é fruto da parceria entre o Sebrae e instituições como a Fundação Banco do Brasil (FBB). Cerca de 60% da estrutura física da propriedade, concebida em 2004, foi adquirida através de um convênio com a FBB, que formalizou uma adesão diferenciada ao projeto, não só viabilizando recursos, mas investindo também na mobilização social do lugar.
A fazenda-modelo é administrada por um grupo gestor representando 39 comunidades do distrito rural de Itamotinga. Mais de 1700 pessoas se beneficiam dos aprendizados compartilhados sobre criação de caprinos e ovinos. Também são parceiros neste projeto a prefeitura de Juazeiro, Embrapa, Uneb (Universidade do Estado da Bahia), Banco do Nordeste, Governo do Estado da Bahia e Adab (Agência Estadual de Defesa Agropecuária).
Este ano, numa área coletiva de nove hectares, os produtores plantaram a forragem que está sendo útil nesse período seco. Além da área da fazenda, em outras dez comunidades houve planejamento para o plantio. “Antes, a gente deixava de vender animais na seca porque eles não engordavam o suficiente pro abate”, avalia a presidente do grupo gestor da Fazenda Icó, Marlene Roriz.
Com esse trabalho, um novo conceito de mercado vem sendo vivenciado com quem tinha a preocupação somente de tentar salvar os animais. “Estamos oferecendo subsídios para que o criador perceba oportunidades de bons negócios. No mês de agosto, por exemplo, o consumidor paga mais caro pela carne porque não há oferta de animais. Quando o criador se planeja e mantém a produção regular ele tem condições de aproveitar essa janela”, avalia o analista do Sebrae, Carlos Robério Araújo, lembrando que os resultados começam a surgir aos poucos.
Pouca chuva - Num ano em que os índices pluviométricos ficam bem abaixo da média, como este de 2010, a conservação e armazenamento de forragem são imprescindíveis. De acordo com o laboratório de meteorologia da Univasf (Universidade Federal do Vale do São Francisco), de janeiro a junho deste ano, em Juazeiro, as chuvas ficaram bem abaixo da média. “O registro é de 211 milímetros. Apenas 60% do que já deveria ter chovido no primeiro semestre”, aponta o meteorologista Mário Miranda.
A garantia de mais de 20 toneladas de alimento para os animais dos produtores associados da Fazenda Icó foi, em parte, também resultado da insistência. Nos primeiros meses do ano, quando começaram a plantar, a chuva não veio e eles perderam o que haviam semeado, mas voltaram a cultivar a terra. O mês de abril concentrou boa parte da chuva do semestre e foi, literalmente, a “salvação da lavoura”.