quarta-feira, 22 de julho de 2015

Desmatar o Cerrado é "fechar a torneira da água" , diz especialista

O jornal Valor Econômico não autoriza, mas diante da grande utilidade da matéria, vou publicá-la aqui na íntegra.  Por Daniela Chiaretti  

O Cerrado é fundamental para 8 das 12 bacias hidrográficas brasileiras, e desmatá-­lo pode significar "fechar a torneira da água", diz Mercedes Bustamante, uma das maiores especialistas no segundo maior bioma brasileiro, que já perdeu mais da metade da cobertura original e hoje produz emissões de gases ­estufa equivalentes às da Amazônia. "É uma floresta de cabeça para baixo", diz a professora de ecologia de ecossistemas e mudanças ambientais globais da Universidade de Brasília.

A bióloga estuda o Cerrado há 23 anos e diz que "toda decisão sobre o uso da terra é uma decisão sobre o uso de água". O produtor rural, em sua visão, não é apenas produtor de alimentos, mas deveria também ser gestor de florestas, de água e de solo. Por isso, o melhor seria dar ao Cerrado uma ocupação de solo diferenciada, com estratégias de conservação de "toda a paisagem". Mais que isso: os 80% de vegetação que a lei permite que sejam desmatados deveriam ser revistos. "Esse percentual foi definido em determinado contexto, há décadas, mas será que esse contexto se aplica hoje? Deixar só 20% de vegetação será suficiente com o clima em mutação?", questiona.

 "Se se quiser conservar o rio São Francisco, tem que se conservar os 48% de vegetação do Cerrado que ainda estão lá", ilustra. "Nessa discussão sobre crise hídrica ouvimos falar em grandes obras, em trazer água de lá pra cá, em reúso, mas a variável de uso da terra não entra no debate", surpreende­-se.

Mercedes diz que o Cerrado é a "caixa d' água" do Brasil e que a melhor estratégia de longo prazo para a crise hídrica seria reflorestar todas as margens de rios que abastecem as cidades. "Estamos com uma gestão de risco temerária", diz.

A seguir, os principais trechos da entrevista:

 Valor: Por que o Cerrado é importante?

Mercedes Bustamante: O Cerrado é um ambiente aparentemente tão delicado, que cresce em subsolos pobres, com oferta de água limitada ao período chuvoso e período seco intenso, e ainda assim abriga grande diversidade. Tem grande extensão geográfica e está distribuído no Brasil. Depois da Amazônia é o segundo maior bioma em extensão da América do Sul. Originalmente, cobria quase 25% do país. Faz transição com a Amazônia, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal. É um bioma que une todos os biomas brasileiros e tem papel importante na distribuição de recursos hídricos.

Valor: Por que se diz que é a caixa d'água do Brasil?

Mercedes: O Cerrado é uma floresta de cabeça para baixo. Se desenvolve em ambiente com solos pobres e profundos e com seca sazonal acentuada, suas plantas investem em colocar o carbono nas raízes. Em projeção conservadora, há uma quantidade de carbono em cima do solo e três vezes mais embaixo. A planta é muito maior embaixo da terra do que em cima.

 Valor: Como um iceberg?

Mercedes: Isso mesmo. Na floresta, a árvore só coloca 20% da biomassa embaixo do solo. Mas as plantas do Cerrado buscam formas de captar água e nutrientes, que são limitados. Durante a seca, o primeiro metro de solo seca completamente, mas as plantas continuam retirando água das camadas mais profundas, com suas raízes muito longas. Com a transpiração, libera a água que capta em forma de vapor, mesmo durante a seca. Bem diferente das pastagens, que têm raízes superficiais, não transpiram e cortam o fluxo de água de regiões mais profundas do solo para a atmosfera.

Valor: E com o desmatamento?

Mercedes: Quando se desmata Cerrado, perde-­se o que está na parte aérea, mas o estoque de carbono sob o solo é bem maior. No desmatamento, o carbono da parte aérea queima rápido, mas as raízes vão se decompondo ao longo do tempo e liberando carbono. Dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação mostram que as emissões do Cerrado se equivalem às da Amazônia.

Valor: Por que tem muita água sob o solo do Cerrado?

 Mercedes: Os solos do Cerrado são argilosos, com muita capacidade de retenção de água. Quando se joga água em um vaso com areia ela percola, mas quando se enche o vaso com argila, a água fica retida. Os solos do Cerrado, profundos e argilosos, são como esponjas que armazenam água da chuva. Quando vem a seca, a água vai para o lençol freático. A água superficial que vemos nas veredas é o lençol freático aflorando. Sim, tem muita água sob o Cerrado.

 Valor: Vereda é sinônimo de água?

 Mercedes: No Cerrado, sim. Veredas são áreas úmidas importantes para segurarem a água que aflora. Muitas das nascentes de cursos d' água importantes são áreas de veredas. A presença do buriti as caracteriza, além de espécies herbáceas que parecem capim. Quando se entra em uma vereda, sente­se o solo fofo, encharcado. Essa água depois canaliza e forma veios. O Cerrado tem uma importância hidrológica grande.

Valor: O que acontece na seca?

Mercedes: A seca começa em abril­maio e vai até outubro. A precipitação média no Cerrado é alta, em torno de 1.500 milímetros, mas 90% da chuva ocorre durante o período chuvoso. Imagine que o fornecimento de água de uma casa aconteça apenas quatro horas por dia. Quem não tem caixa d'água como faz no período em que não há fornecimento? No Cerrado é o mesmo. Há bom volume de água, mas concentrado em cinco meses. Os solos profundos e argilosos têm capacidade de reter água. No período seco, seca apenas a primeira camada, o resto, não. Veredas conservadas não secam completamente. Em 2014, foi o primeiro ano em que secou a nascente do São Francisco.

 Valor: Qual a conexão? 

Mercedes: A nascente do São Francisco está no Cerrado. O Brasil tem 12 regiões hidrográficas e o Cerrado contribui com recursos para 8 delas. Na bacia do São Francisco, o Cerrado é 48% da vegetação, mas esses 48% contribuem com quase 70% da água que vai para o rio. Para conservar o São Francisco, tem que se conservar os 48% de vegetação do Cerrado que ainda estão por lá.

Valor: Então, se desmatar muito o Cerrado corre­-se o risco...

Mercedes: É como se estivéssemos fechando a torneira da água. A bacia do Paraná, que abastece o Sul, e a do Araguaia­Tocantins nascem aqui. A nascente do São Francisco está na Serra da Canastra, em Minas. Quando se desmata o Cerrado, compromete-­se também a dinâmica hídrica do Pantanal. Hoje, o pessoal estuda as conexões com o que acontece na Amazônia, mas isso passa pelo Cerrado também. Toda decisão sobre o uso da terra é uma decisão sobre o uso de água. Temos que pensar que o território, a terra, o solo, é responsável por múltiplas funções. "Se se quiser conservar o rio São Francisco, tem que se conservar os 48% de Cerrado que ainda estão por lá"

Valor: Veredas são protegidas?

Mercedes: Sim, são Áreas de Proteção Permanente [APPs], mas a conservação tem que se dar em toda a paisagem. Se se desmata o entorno da vereda, ela não se mantém. Quando se faz a conversão de Cerrado para pastagem, costuma ocorrer erosão e compactação do solo. Isso modifica a dinâmica hídrica do solo. Máquinas sobre a terra e gado compactam o solo. Vem a chuva e ali não infiltra, vira um rio. Como a água sempre acha o caminho de menor resistência, se não consegue infiltrar e descer, irá fluir pela superfície. Não irá infiltrar e contribuir com a alimentação de rios, lagoas, veredas e represas. Ela flui pela superfície, vem a enxurrada, a erosão carrega sedimentos e isso segue para as represas, que perdem capacidade de estocar, porque chove menos e porque perderam profundidade.

 Valor: É como se jogássemos terra sobre as nascentes?

Mercedes: Sim. Por isso o Código Florestal tinha que ter foco múltiplo. Olhar para o uso da terra, não só para a produção de alimentos, mas também para a de água. Dessa forma teríamos uma ocupação do território diferenciada. Às vezes me surpreende, na discussão sobre crise hídrica, que falam em grandes obras, em trazer água de lá pra cá, em reúso da água, mas a variável de uso da terra não entra no debate. Uma obra de longo prazo seria reflorestar todas as áreas que abastecem as cidades.

Valor: Há sentido em se fazer a transposição do São Francisco?

Mercedes: Pois é. A transposição tem que ser parte de sistema integrado de proteção da bacia. Não adianta resolver o problema lá na ponta sem pensar no lado de cá.

 Valor: Como se regenera um rio?

Mercedes: É impedir que sedimentos sejam transportados e provoquem assoreamento e permitir que as áreas de recarga de mananciais continuem operando. Precisa manter a caixa d' água funcionando. Se reduzirmos o potencial de uma caixa d'água de 500 litros para 100 litros, só vamos armazenar 100 litros. O seguro que temos é a capacidade que o solo de Cerrado tem, sob essa vegetação nativa, de segurar a água quando a chuva vem.

Valor: Por que Cerrado e Caatinga têm menor status de proteção?

Mercedes: É o aspecto simbólico da desvalorização desses ecossistemas. É a visão europeia que sempre viu o recurso da floresta apenas como um recurso madeireiro, então as áreas importantes eram as áreas de florestas. Se não se tinha isso, não era relevante. De certa forma, hoje, ainda, com todo o conhecimento científico que se tem, com a importância do Cerrado na geração de água, polinização, controle de pragas, continua a dificuldade de se mostrar que ele é importante. Não sei se as pessoas do interior de São Paulo, onde havia grandes extensões de Cerrado que foram desmatadas, se dão conta que se perdeu a cobertura que ajudava a conservar a água.

Valor: Como se chegou ao quadro atual?

Mercedes: A situação, hoje, é fruto de vários fatores: alteração do uso da terra, eventos climáticos extremos como seca e chuvas muito fortes, urbanização e a demanda de água. Se está mais seco ou mais quente, as pessoas tendem a usar mais água e energia, que, no Brasil, é outra parte da equação.

 Valor: Estamos, então, sob risco.

Mercedes: Estamos com uma gestão de risco temerária. A água é essencial para a agricultura, se o clima se torna mais quente e seco, aumenta a demanda de água para irrigação. Com a distribuição errática da chuva, os padrões de consumo se alteram e vão demandar, nos grandes centros urbanos, mais energia. Se não tem chuva para os grandes reservatórios, o Brasil faz o quê? Aumenta o uso das termelétricas e agrava o efeito­estufa, que foi o que gerou o problema.

Valor: É a cobra comendo o rabo.

 Mercedes: Exatamente. Se não tivermos uma gestão de recursos naturais integrada, estamos resolvendo aqui, hoje, mas jogando um problema maior adiante.

 Valor: No Cerrado, há veredas de buritis desmatadas e pivôs de irrigação pegando água do subsolo. Não estão entendendo o processo?

 Mercedes: Uma das respostas de adaptação da agricultura ao aumento da estiagem é usar mais água de irrigação. Mas de onde vem a água? Quais os usos que competem com a água de irrigação? Qual é a capacidade do sistema de recarregar? Precisamos abordar isso de forma integrada.

Valor: Parte da água de São Paulo vem do Cerrado?

Mercedes: Parte da água que abastece o Sistema Cantareira vem de Minas e tem contribuição do Cerrado. Está tudo conectado. Na estação seca o que veio de chuva talvez não seja suficiente para recarregar o que se perdeu. Quanto mais essa esponja, que é o solo, estiver depauperada, maior fica o déficit.

Valor: Quanto já se desmatou?

Mercedes: Calcula­-se que já se perdeu 50% da cobertura nativa. A conversão para agricultura e pastagens é muito acentuada na porção Sul, que é a zona de ocupação antiga, mas já se vê a frente de desmatamento subindo para o Oeste da Bahia, e lá a pressão é da soja. Há uma frente subindo pelo Tocantins. Os 50% que restam hoje também estão muito fragmentados.

 Valor: Não se monitora?

 Mercedes: O Cerrado não tem monitoramento sistemático como a Amazônia. Precisamos monitorar os outros biomas e com ferramentas que mostrem a integridade dos ecossistemas. Não é só o corte raso que é preocupante, a degradação também é. "Na discussão sobre crise hídrica, fala­-se em grandes obras, mas a variável de uso da terra não entra no debate"

Valor: O Brasil escolheu o Cerrado como sua área de agricultura.

Mercedes: Mas pode ter agricultura. Ainda temos 50% de Cerrado, que é melhor do que restou de Mata Atlântica. Há que se fazer com que as áreas mais convertidas atendam ao Código Florestal e que as APPs estejam bem preservadas. É preciso pensar em um processo de ocupação diferenciado para a área que ainda está preservada, sem deixar de expandir a atividade econômica, mas analisando qual é a atividade compatível com os serviços ecossistêmicos daquela área. Não queremos um processo de desenvolvimento concentrador de renda e degradador. E na porção já muito convertida, a estratégia deveria ser recuperar as áreas degradadas, as APPs e Reserva Legal para que o sistema volte a funcionar.

Valor: Por que margens dos pequenos rios têm que ser protegidas?

Mercedes: Senão vão secar. A vegetação que cresce próxima aos rios controla a vazão de água evitando enchentes e segura o fluxo erosivo, retendo sedimentos. É um filtro. É barreira de proteção dos fluxos de água que são frágeis e alimentados por aquela esponja. Se já se arrebentou a caixa d'água, que era a vegetação, a última barreira de proteção são veredas e matas nos pequenos rios. Se também forem destruídos, o que sobra?

Valor: Qual a maior ameaça?

 Mercedes: O processo de ocupação. Eu já vi produtor que planta até a beira do córrego, o que é proibido e uma imbecilidade, porque a produtividade será mais baixa. A agricultura é a atividade econômica que mais depende dos recursos naturais. O produtor tem papel social como gestor de recursos naturais. A gente o olha como produtor de alimentos, mas também tem que ser produtor de água. É responsável pelos recursos de água e de solo, porque o solo erodido vai embora e não volta mais. Para formar uma polegada de solo demora 500 a mil anos e basta uma enxurrada para levar embora. O solo, mesmo formado continuamente, é um recurso não renovável porque as taxas de perda são muito maiores que as taxas naturais de formação. Temos que ter uma estratégia da paisagem.

Valor: Como assim?

 Mercedes: É preciso pensar quem alimenta os buritizais e as veredas. Podemos ocupar o Cerrado? Sim, mas qual é a proporção que temos que preservar para garantir a alimentação da água?

Valor: A lei permite que se deixe apenas 20% de Cerrado.

Mercedes: Precisamos começar a repensar esses 20%. Foram definidos em determinado contexto, mas será que este contexto se aplica hoje, quando o clima está mudando? O Código Florestal, à exceção da transição com a Amazônia [onde tem que se preservar 35% de Cerrado], diz que pode-­se desmatar até 80%, preservando 20%, mediante licença ambiental. Quer dizer que potencialmente pode­-se fazer isso, mas não significa que deve ser autorizado. É o momento em que o poder público, o Estado, os prefeitos, os produtores, os órgãos de meio ambiente têm que começar a olhar, quando fazem um licenciamento de supressão de vegetação, se realmente pode­-se desmatar os 80% previstos em lei. Talvez em região onde já houve conversão acentuada, há áreas importantes de recarga de manancial e o melhor seria, por exemplo, autorizar só o desmate de 50%.

Valor: Dá para ter agricultura no Cerrado?

 Mercedes: Sim, mas temos que mudar. Tenho que considerar a minha propriedade em conjunto com a do fulano, do outro ali e ver quanto cada uma de nossas propriedades contribui com a conservação de um recurso hídrico. A nascente pode estar na propriedade do vizinho, mas os solos que a abastecem estão na minha terra e na tua. Se só ele preserva, não adianta. Essa análise tem que sair da escala da propriedade e ir para a escala da paisagem.

 Valor: A senhora defende a revisão dos 20%?

Mercedes: Isso politicamente é difícil. Mas se tivermos os 20% bem usados, com mais 10% de APP preservados, ainda se tem 30% funcionalmente operando. Onde existem grandes extensões, temos alternativas? A Embrapa diz que temos enormes áreas já degradadas, para onde o Brasil pode expandir sua produção sem precisar converter nenhuma nova área.

Valor: E o fogo no Cerrado?

Mercedes: O fogo é um fator natural do Cerrado. Acontecem grandes queimadas causadas por relâmpagos sobre o material seco. Se o fogo queima de vez em quando, como a vegetação tem uma capa de proteção de cortiça e capacidade de rebrotar a partir das raízes, perdia­-se a parte aérea, mas rebrotava rápido. A vegetação era resiliente e o fogo tem papel importante no ciclo dos nutrientes. Mas quando se queima com frequência, a vegetação não tem capacidade de responder e o fogo vira fator de degradação. Não é excluir o fogo no Cerrado, mas manejar.

Valor: Manejar fogo?

Mercedes: Sim, e evitar em áreas agrícolas. Fogo para rebrotar a pastagem acontece em áreas enormes, e se sair de controle, ninguém segura. Entra na vegetação nativa, que já está seca e depauperada, e leva embora. Cerca de 60% a 70% das queimadas no Brasil ocorrem no Cerrado, que é onde se precisa mais da vegetação para conservar água. A situação é crítica.

Valor: Como resolver?


Mercedes: Se se fizer um desenho inteligente podem­se conectar áreas de Reserva Legal e formar corredores de biodiversidade. E ver qual o desenho que mais contribui para produção de água. Precisamos juntar a gestão agrícola, florestal e de água em uma coisa só, porque as propriedades rurais fazem as três coisas. Fonte: Valor Econômico 

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Uso de agrotóxicos no Brasil cresce mais de duas vezes e meia em dez anos

O uso de agrotóxicos na agricultura brasileira mais do que dobrou entre os anos de 2002 e 2012, divulgou hoje (19) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a pesquisa Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (IDS), o uso de agrotóxicos saltou de 2,7 quilos por hectare (kg/ha), em 2002, para 6,9 quilos por hectare em 2012 – variação de cerca de 155%.

Segundo o IBGE, os produtos mais usados em 2012 são os considerados perigosos ou muito perigosos, com 64,1% e 27,7% do total de produtos comercializados naquele ano.

Os herbicidas foram os agrotóxicos mais comercializados no período, com 62,6% do total de vendas, seguidos dos inseticidas, com 12,6%, e dos fungicidas, com 7,8%.

O uso de agrotóxicos por área foi maior na Região Sudeste, com 8,8 quilos por hectare, e o estado de São Paulo foi o que fez o uso mais intenso em 2012, com 10,5 kg/ha. O segundo estado com maior uso de agrotóxicos é Goiás, com 7,9 kg/ha, e o terceiro, Minas Gerais, com 6,8 kg/ha.

O menor uso de agrotóxicos foi verificado no Amazona e no Ceará, onde o valor é menor que 0,5 kg/ha. Fonte: Agência Brasil








terça-feira, 9 de junho de 2015

Vale do Jequitinhonha desponta como produtor de uva

O cultivo da uva começa a se tornar boa alternativa de renda para os agricultores familiares de Turmalina, no Vale do Jequitinhonha. Na última safra, a produção de uva niágara branca e rosada chegou a 70 toneladas, que resultaram em faturamento de R$ 280 mil.
Atualmente, dez famílias da região se dedicam à atividade, com apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG). A cultura já ocupa aproximadamente 9 hectares no município, sendo 5 em produção e outros 4 hectares em formação. A maioria é da comunidade rural Ponte do Funil, onde o agricultor Odair Ferreira de Quadros iniciou o plantio de uvas, com a experiência adquirida em lavouras do Estado de São Paulo.
Em busca de recursos e orientação técnica, Odair procurou o escritório da Emater-MG em Turmalina e recebeu a assessoria necessária para fazer um projeto e obter financiamento de R$ 4 mil do Banco do Brasil, por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), do governo federal. O sucesso na iniciativa, que começou em meio hectare de terra, estimulou outros produtores a investirem na nova cultura, como João Cordeiro, que também levou para Turmalina a experiência obtida nos plantios de uva em São Paulo e no Sul de Minas.
“A diversificação na agricultura local tem melhorado a qualidade de vida dos produtores, que podem obter renda maior, e também aumenta a oferta de alimentos mais saudáveis para os consumidores”, comemora o extensionista agropecuário Ronisley Damasceno.
O técnico da Emater-MG afirma que, apesar do clima tropical da região, o cultivo de uvas – frutas tradicionais de climas mais frios – é beneficiado por algumas características do município, localizado a cerca de 670 metros de altitude, em relação ao nível do mar: “Temos solos profundos, favoráveis à fixação das raízes das videiras, e também um inverno rigoroso, em contraste com o clima tropical no resto do ano”, cita Ronisley.
O coordenador técnico estadual de Fruticultura da Emater-MG, Deny Sanábio, confirma que a alternância de estações quentes e frias bem definidas é um fator positivo para a produtividade da videira na região, pois o calor logo após o período frio estimula a quebra da dormência, fenômeno que contribui para aumentar a brotação de frutos. “A incidência de sol por longos períodos do ano e a pouca umidade da região exigem mais investimento na irrigação. Por outro lado, o calor estimula a brotação e é possível obter até duas safras por ano. Outro fator positivo do sol é que ajuda a concentrar os açúcares dos frutos e torna o produto mais atraente para o consumidor”, explica Sanábio.
De acordo com o coordenador da Emater-MG, a produção de uvas é uma atividade promissora para a região do Jequitinhonha, mas exige técnica apurada e investimento. “É altamente tecnificada – tem que saber quais ramos podar e fazer corretamente o raleio de frutos, para estimular a produtividade. E a adubação também precisa de cuidados intensivos. Só assim se pode conseguir um bom padrão dos frutos, para poder competir com a região Sul, que já tem tradição consolidada no mercado”, alerta.
Desafios da fruticultura
Além da uva, as características de clima e solo de Turmalina favorecem também a produção de outras frutas. A banana é a mais popular: ocupa 26 hectares e os 110 agricultores que se dedicam à atividade conseguem rendimento de 288 toneladas por ano. A laranja ocupa 10 hectares e gera produção anual de 120 toneladas. Área semelhante é ocupada com plantio de abacaxi, que produz 50 mil frutos por ano. O maracujá é plantado em 2,5 hectares, com rendimento de 20 toneladas anuais.
O escritório da Emater-MG no município atende 650 agricultores familiares por ano, nas áreas de fruticultura e nas atividades rurais mais tradicionais da região do Jequitinhonha, como bovinocultura de corte e de leite e lavouras de subsistência, além da silvicultura (produção de madeira e carvão).
O coordenador de Fruticultura da Emater-MG, Deny Sanábio, fará palestra sobre Potencialidades, Desafios e Estratégias da Fruticultura, durante o 2º Seminário de Fruticultura de Capelinha e Região, no dia 18 de junho. O evento será realizado das 8h às 16h, no Galpão Cultural do Parque de Exposições de Capelinha, e integra o Circuito FrutificaMinas, iniciativa da Emater-MG, empresa vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Fonte: Agência Minas

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Minas Gerais conhece modelo cearense de desenvolvimento agrário

Com o objetivo de conhecer a política de desenvolvimento agrário cearense, considerada referência nacional, o secretário de Desenvolvimento Agrário de Minas Gerais (Seda), Glenio Martins, cumpre agenda de trabalho em Fortaleza até nesta sexta-feira (8/5). Para Martins, a troca de experiências com o Estado do Ceará tem sido muito importante, inclusive para toda a região Sudeste. “Nossa vinda é um pedido do governador Fernando Pimentel para observarmos o trabalho do Ceará no combate à seca, no estímulo à produção, à comercialização, regularização fundiária entre outros”, disse.


O secretário de Desenvolvimento Agrário do Ceará (SDA), Francisco José Teixeira, conhecido popularmente como Dedé Teixeira, e o presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce), Antonio Amorim, deram as boas vindas à comitiva mineira, formada também pelo subsecretário de Acesso à Terra e Regularização Fundiária da Seda, Danilo Prado Araújo, e pelo superintendente da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana, Mateus Novaes.


Nessa quinta-feira (7), a comitiva conheceu a estrutura organizacional da SDA e suas vinculadas como a própria Ematerce, o Instituto de Desenvolvimento Agrário do Ceará (Idace), a Ceasa, a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (Adagri) e o Instituto Agropolos, além de alguns projetos sob as coordenadorias da SDA como Territórios Rurais da Cidadania e a Agricultura Familiar.


Glênio Martins também tomou conhecimento de experiências e programas, como o Hora de Plantar (distribuição de sementes a produtores rurais) e o projeto Paulo Freire.


Combate à seca

Durante o encontro, no auditório da Ematerce, Dedé Teixeira apresentou diversas ações da Pasta, como a criação do Comitê da Seca, que vem atuando desde 2012. “Várias entidades da sociedade civil e do governo se reúnem para discutir uma política de convivência com a seca. Isso vem garantindo o aperfeiçoamento de estratégias para reduzir o impacto de anos de estiagem”, explicou Teixeira. Fonte: Agência Minas

terça-feira, 10 de março de 2015