terça-feira, 5 de julho de 2011

As festanças e os causos do mês de junho



Acabou o mês de junho, o melhor do ano para quem gosta das “coisas do interior”. Ou melhor, da “roça” mesmo. Os três santos, Antônio, João e Pedro são comemorados com fogueiras, foguetes e muitas festas. Tem muita canjica, quentão fogueira, forró e muitos “causos”.
O primeiro é o mais querido das mulheres, porque é quem “arranja” os casamentos. Dizem que se a mulher ferver uma imagem de Santo Antônio

na água de fazer o café para o noivo, o rapaz não tem outra saída. Casa mesmo. Mas Pedro também tem seu poder. E como tem. Afinal, ele é lembrando não só por causa das festividades no dia 29 de junho, mas também por ser o porteiro do Céu.
E o João, não tem valor? Tem sim. Ele é também muito homenageado no interior do País. Aliás, tem cada “causo” sobre a fogueira de São João... Na festa, quando vai chegando à madrugada e todos já bem “animados” com os muuuuuuitos quentões tomados, há quem diga que se a pessoa tiver muita fé, pode passar descalço em cima das brasas da fogueira.
Bom. Eu nunca tive fé para isso, mas já conheci gente que teve. Melhor não dizer como os pés deles ficaram. Senão vão dizer que eles não têm fé. Ah, o povo diz também que se for à beira do rio, na “manhecida” do dia de São João, de 24 para 25, e não conseguir ver a sombra das duas orelhas refletidas na água é porque o sujeito não chegará ao São João do próximo ano. Cruz Credo!
Fonte: Palavra Rural

Cuidado com o canto da “coã”


A Acauã é um pássaro parecido com um gavião, e ocorre em várias regiões do Brasil. No Norte de Minas Gerais, acredita-se que quando ela canta está agourando alguém. A infeliz pessoa agourada, segundo a crença, não dura muito tempo.
O que se diz é que quando a “coã”, como é chamada na região, canta fatalmente alguém ali por perto morre no dia ou morrerá em breve.

Quem acredita no agouro da “coã”, não hesita em dizer nos velórios: "também, do jeito que tinha 'coã' cantando...”

Para quem não acredita, o argumento é forte. “Oras, quase todos os dias morre alguém, ‘coã’ cantando ou não”. Então ela é um pássaro que tem seu canto característico como qualquer outro. Pode concluir os que não acreditam na tal “coã”.

Verdade ou não quanto ao agouro do pobre pássaro, o certo é que como se diz lá pras bandas do Norte de Minas: “O feitiço está virando contra o feiticeiro”.

Em tempos em que os pássaros de belos cantos e muito admirados estão ameaçados, imagine para quem carrega a fama de ser agourenta e de ser tão odiada pelos sertanejos que acreditam em sua maldição?

Certo também é que quase não se ouve mais o canto da “coã” pelas matas daquela região. Estaria a pobre acauã passando de agourenta a agourada?

Fonte: Palavra Rural
A foto acima foi extraída do link: www.flickr.com/photos/flavioalvarenga/3057905265/