terça-feira, 26 de abril de 2011

Agroecologia reduz custo de produção do tomate




O cultivo de tomate pode ter os custos reduzidos em até 84% se seguidas as normas agroecológicas de produção. Essa é uma constatação do engenheiro agrônomo Fábio Leonardo Tomas em dissertação de mestrado desenvolvida na Escola Superior de Agricultura da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP). A principal redução está no não uso de defensivos, que ultimamente tem aumentado muito os custos na agricultura.
O experimento de Tomas foi feito com culturas de tomate em pequenas clareiras na Mata Atlântica, na região de Apiaí, SP. “Eu supus que a floresta poderia ser considerada um insumo agrícola, um instrumento da produção”, explicou. “Nós pudemos perceber que a taxa de infestação por bactérias, fungos e doenças foi muito menor”, conta Tomas, se referindo à comparação com o cultivo nos moldes tradicionais na mesma região.
Na produção tradicional, cada pé de tomate teve um custo de manutenção médio de R$ 5, enquanto no cultivo orgânico o gasto foi apenas R$ 0, 80. Mas há um inconveniente, sobretudo em tempos de inflação alta e grande demanda por alimentos no mundo. É que a produtividade das culturas agroecológicas foi menor do que a das lavouras convencionais. Na produção orgânica se obteve uma média de 100 caixas de 25 quilos por mil pés cultivados. As tradicionais alcançaram a marca de 250 caixas a cada mil pés.
A perda na produção, no entanto foi compensada no preço de venda. O preço médio por caixa do tomate tradicional foi R$ 15, contra R$ 70 do produto orgânico. “A menor produtividade se compensa em um menor custo e uma maior renda”, destacou Tomas, que acredita ser possível alcançar os mesmos resultados obtidos com o tomate em outras culturas.
Para o pesquisador, esse tipo de constatação deve entrar na discussão sobre o papel da reserva legal e áreas de preservação permanente dentro das propriedades rurais. “O produtor convencional muitas vezes enxerga a floresta dentro da sua propriedade, como um estorvo. Ele não considera aquela floresta como um apoio a sua atividade econômica”, analisa.

Com informações da Agência Brasil
Foto: Google

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Código Florestal requer um amplo debate


A definição do novo código florestal brasileiro não será tarefa fácil. Interesses à parte, a verdade é que ambos os lados, produtores e ambientalistas, têm bons e justos argumentos. Há duas grandes questões que têm de ser tratadas de forma muito séria. A produção de alimentos e a preservação da natureza, tanto de vegetais como dos animais, que tem cada vez menos espaço.
Pelo lado dos defensores do meio ambiente, a luta é em prol de um País mais “verde” e mais sustentável ambientalmente. Afinal já temos muitos sinais de que a natureza não suporta mais tanta intervenção humana. É preciso pensar também nos animais da fauna brasileira. Onde vão morar, tamanduás, onças, tatus, lobos-guarás e uma infinidade de outros animais que já não encontram mais onde se abrigar e já quase não encontram alimentos na natureza? É preciso que eles sejam respeitados e tenham seu espaço preservado.
Por outro lado, como fica o pequeno produtor que já tem uma propriedade quase insuficiente para a sua produção e ainda tem de deixar parte dela destinada à preservação? Segundo cálculos do estudo do Instituto de Estudo do Comércio e Negociações Internacionais (Icone) a implantação do código florestal trará perda 8,4% na área destinada a grãos em 2022. O estudo mostra que a produção de grãos do País seria da ordem de 193,6 milhões de toneladas em 11 anos. Mas se o Código Florestal fosse realmente implantado, esse volume recuaria em 3,2%.
Várias culturas seriam afetadas com as normas. A redução na produção seria de 5,6% na soja e de 1,2% nas carnes. Já o impacto nos preços seriam bem maiores. A previsão é que, com a redução da área plantada, haverá alta de 26,6% no preço da soja; 34,1% no etanol, 16,7% no milho, 23,4% no boi e 11,9% nos frangos. "O que o estudo mostra é que não adianta criar Reserva Legal em área produtiva. Não expandir a produção no ritmo da demanda terá impactos", afirma André Nassar, diretor-geral do Icone
O tema requer mesmo muita discussão e muita prudência. Afinal, a preservação ambiental é inadiável, a lista de animais em extinção é enorme. Mas a redução da pobreza e da fome também é um tema muito atual e a grande meta do governo da presidente Dilma Rousseff. Em caso de uma vitória dos produtores, pelo menos já há uma boa notícia. Os pequenos serão os mais favorecidos. Isso é bom. A agricultura familiar é responsável pela produção de até 70% de alguns alimentos, como a mandioca, por exemplo.