Hortas irrigadas com água captada da chuva são implantadas em áreas
comunitárias no Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha como alternativa de
renda e incentivo ao consumo de alimentos com elevado poder nutritivo.
As hortas agroecológicas, sem uso de agrotóxicos, foram implantadas nos
municípios de Janaúba, Porteirinha, Verdelândia e Leme do Prado. O projeto,
desenvolvido por pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas
Gerais (EPAMIG), utiliza a água de chuva captada para irrigação por
microaspersão dos canteiros de hortaliças de folhas e de raízes. Reservatórios
de ferro e cimento, com capacidade para reserva entre 52 mil e 105 mil litros,
foram construídos para armazenamento da água da chuva captada por calhas
instaladas nos telhados de áreas comunitárias.
“A coleta de água da chuva para produção de alimento no
semiárido mineiro é uma ferramenta importante de convivência com a seca”,
afirma a pesquisadora Polyanna de Oliveira, que é também chefe de pesquisa da
EPAMIG Norte de Minas. Ela explica que somente a água da chuva não é suficiente
para manter a produção de hortaliças durante todo ano, por isso os
reservatórios contam também com abastecimento adicional de água de acordo com a
disponibilidade do local. Polyanna acrescenta que são produzidos alevinos de
tilápia nos tanques. “O peixe fertiliza a horta, limpa o tanque, evita a
dengue, além de ser mais uma fonte alimento”, explica. A pesquisadora ressalta
que este sistema de armazenamento de água de chuva pode ser utilizado tanto na
produção agrícola quanto em residências. “A média de captação da chuva vai
depender da área do telhado para captação da água e da média de precipitação no
local.
Polyanna acrescenta que são produzidos alevinos de tilápia
nos tanques. “O peixe fertiliza a água utilizada para irrigação da horta, limpa
o tanque, evita a dengue, além de ser mais uma fonte alimento”. A pesquisadora
ressalta que este sistema de armazenamento de água de chuva pode ser utilizado
tanto na produção agrícola quanto em residências. “A quantidade de água
armazenada dependerá média da área de captação do telhado e da média de
precipitação do local”, explica.
Na Comunidade de Posses, no município de Leme do Prado, no
Vale do Jequitinhonha, artesãs da Associação Mãos de Fadas iniciaram em março
deste ano o cultivo de cerca de 30 variedades de hortaliças e plantas
medicinais sem uso de agrotóxico. No entorno foram plantadas lavouras de milho
e feijão-guandu que servem também como quebra-vento. De acordo com a presidente
da Associação, Dulceney Antunes, na fase inicial essas hortaliças serão
consumidas pelas famílias das mulheres que participam do projeto e,
posteriormente, o excedente será vendido para a comunidade. “Queremos também
produzir tempero verde e conserva de pimenta” afirma Dulce.
“Essas famílias podem obter uma renda mensal de cerca de R$
700 mensais. Pode ser um complemento da renda e também estímulo para essas
mulheres”, incentiva o técnico agrícola da EPAMIG, Jair de Oliveira que
acompanha o cultivo e o manejo das hortas da comunidade de Posses.
Os estudos desenvolvidos no projeto “Difusão de tecnologia
de hortas no sistema agroecológico com captação de água de chuva no semiárido
mineiro” são financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas
Gerais (Fapemig), desdobramento de um projeto iniciado em 2010 que teve também
apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
“Aprimoramos o sistema desenvolvido nas fazendas da EPAMIG no Norte de
Minas, que contou com a participação dos funcionários da Empresa e rendeu a
obtenção do Selo de Responsabilidade Empresarial”, conta a coordenadora do
projeto, Wânia Neves, que é também chefe de pesquisa da EPAMIG Unidade
Centro-Oeste, na qual são desenvolvidas diversas pesquisas em olericultura.
Fonte: AI/EPAMIG