
A definição do novo código florestal brasileiro não será tarefa fácil. Interesses à parte, a verdade é que ambos os lados, produtores e ambientalistas, têm bons e justos argumentos. Há duas grandes questões que têm de ser tratadas de forma muito séria. A produção de alimentos e a preservação da natureza, tanto de vegetais como dos animais, que tem cada vez menos espaço.
Pelo lado dos defensores do meio ambiente, a luta é em prol de um País mais “verde” e mais sustentável ambientalmente. Afinal já temos muitos sinais de que a natureza não suporta mais tanta intervenção humana. É preciso pensar também nos animais da fauna brasileira. Onde vão morar, tamanduás, onças, tatus, lobos-guarás e uma infinidade de outros animais que já não encontram mais onde se abrigar e já quase não encontram alimentos na natureza? É preciso que eles sejam respeitados e tenham seu espaço preservado.
Por outro lado, como fica o pequeno produtor que já tem uma propriedade quase insuficiente para a sua produção e ainda tem de deixar parte dela destinada à preservação? Segundo cálculos do estudo do Instituto de Estudo do Comércio e Negociações Internacionais (Icone) a implantação do código florestal trará perda 8,4% na área destinada a grãos em 2022. O estudo mostra que a produção de grãos do País seria da ordem de 193,6 milhões de toneladas em 11 anos. Mas se o Código Florestal fosse realmente implantado, esse volume recuaria em 3,2%.
Várias culturas seriam afetadas com as normas. A redução na produção seria de 5,6% na soja e de 1,2% nas carnes. Já o impacto nos preços seriam bem maiores. A previsão é que, com a redução da área plantada, haverá alta de 26,6% no preço da soja; 34,1% no etanol, 16,7% no milho, 23,4% no boi e 11,9% nos frangos. "O que o estudo mostra é que não adianta criar Reserva Legal em área produtiva. Não expandir a produção no ritmo da demanda terá impactos", afirma André Nassar, diretor-geral do Icone
O tema requer mesmo muita discussão e muita prudência. Afinal, a preservação ambiental é inadiável, a lista de animais em extinção é enorme. Mas a redução da pobreza e da fome também é um tema muito atual e a grande meta do governo da presidente Dilma Rousseff. Em caso de uma vitória dos produtores, pelo menos já há uma boa notícia. Os pequenos serão os mais favorecidos. Isso é bom. A agricultura familiar é responsável pela produção de até 70% de alguns alimentos, como a mandioca, por exemplo.
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